Querido diário... (20)

Hoje é o último dia que te escrevo. Gostava de te dizer que vou continuar a vir cá mas não acredito nisso. Eu gosto de escrever e gostei de o fazer para ti mas esta tarefa de te escrever diariamente não é o modelo que mais me agrada. Sabes, não gosto de escrever porque tem que ser. Gosto de fazê-lo quando sinto necessidade de me expressar, de dizer algo. E que bem que sabe quando o faço assim! Gosto que saia intuitivamente, sem grandes reflexões... Gosto quando o tema puxa por mim e me sinto integrado nele. Gosto disso. Mas gostei também de escrever para ti. Na verdade, foi mais divertido do que pensei, a princípio. É uma experiência a recordar e guardar! 
Vou continuar a escrever, uma a uma, as páginas deste grande livro. Um dia destes volto cá para recordar estes pequenos devaneios, estes pequenos pedacinhos dos meus últimos 21 dias. Até um dia destes!


20 de Janeiro de 2014

Querido diário... (19)

A discussão sobre o referendo continua.. Um pouco por todas as televisões, rádios e jornais vêm-se reações à aprovação do projeto. Algumas bem fundamentadas e a maioria contra a decisão, diga-se. Parece que desta vez correu mal para a JSD. A verdade é que, a partir do momento em que a própria vice-presidente da bancada do PSD se demite por causa disto, algo está muito mal. Algo continua muito mal quando os deputados votam "SIM" mas assumem publicamente que a intenção deles era votar negativamente. Alegam lealdade ao partido. Então e o país? Então e os portugueses que votaram neles? Então e a suposta isenção nas decisões politicas? Algo está muito mal. Mas ainda falta o parecer do Tribunal Constitucional e do Presidente da República, vamos esperar.

19 de Janeiro de 2014

Querido diário... (18)

O mundo está de pernas para o ar! Já vimos isso ontem, com a aprovação do referendo e voltamos a ver hoje com imagens dos incêndios na Austrália ou com o tempo de antena que ontem as televisões decidiram dar ao granizo que caiu na zona da Lisboa. Portugal é um país pequeno, ou pelo menos era o que eu achava até há bem pouco tempo! Mas, na verdade, ontem descobri que somos maiores do que eu realmente pensava. Então não é que os nossos compatriotas lá da capital descobriram ontem o que é o granizo? E, diga-se, só descobriram lá para o final do dia, quando todos os restantes portugueses fizeram o favor de os informar que não, aquilo não era neve. Chama-se gra-ni-zo, caros alfacinhas! Não há motivo para tanto drama e tanta foto no euvi@tvi.iol.pt. Vemos isso dia-sim dia-não cá no Norte, façam-nos uma visitinha!

18 de Janeiro de 2014

Querido diário... (17)

Hoje foi aprovado na Assembleia da República o referendo sobre a adopção e co-adopção de crianças por casais homossexuais. A proposta foi apresentada pela JSD e deu origem a diversas reações contraditórias. Se muitos se assumiam a favor de políticas liberais e apoiavam a igualdade entre todos os casais, a verdade é que muitos deles se abstiveram, em vez de votarem contra. Fala-se de uma subserviência aos partidos e, só depois, ao país. Não é assim que devia ser. Os deputados são eleitos e está na lei portuguesa que devem exercer os seus poderes de forma livre. Sem pressões políticas e/ou partidárias. Não faz sentido que assim seja. Não faz sentido que uma lei tenha sido aprovada anteriormente e venha, agora, ser posta em causa porque a JSD decidiu que estes temas devem ser discutidos em sociedade. As liberdades individuais não se discutem. Os direitos fundamentais são, tal como o nome indica, a base, o fundamento de uma vida em sociedade com pilares como a igualdade e a pluralidade (sim, os dois complementam-se). Não falarei dos argumentos contra ou a favor da (co-)adopção em si. Questiono apenas as motivações para este referendo. Direitos fundamentais não se referendam. A vida em família de uma criança não se referenda. Sim, porque o que estará em discussão é a aceitação, ou não, da vida familiar de uma criança (que, por acaso, tem pais homossexuais). Não estamos a discutir a vida destes adultos. São crianças, meus senhores, crianças.

17 de Janeiro de 2014

Querido diário... (16)

Hoje sonhei que estava numa ilha tropical, cheia de sol, palmeiras e praias paradisíacas. Tudo à moda de Hollywood, portanto. E, como não poderia deixar de ser, tinha empregadas a trazerem-me os sumos de frutas à esteira estendida na areia. O mar era azul e a água era quente. O sol radiava e espelhava no mar. Não havia rede de telemóveis nem Internet, mas eu estava bem assim: umas verdadeiras férias de sonho! E que bem que me estava a saber... Mas depois, a água que até há uns minutos era quente, gelou a minha cara por completo. Não é que a minha mãe decidiu  acordar-me com um copo de água?! Mesmo à filme também, portanto. Não se faz, estava de férias mãe.

16 de Janeiro de 2014

Querido diário... (15)

O Ronaldo e a sua Bola de Ouro continuam a dominar as notícias, um pouco por todas as televisões. Ora porque o CR7 está feliz, ora porque a dona Dolores está radiante, ora porque o presidente da República está orgulhoso ou até porque os fãs o idolatram cada vez mais. Há uma semana atrás era o Eusébio. O futebol é mesmo o desporto rei. É ele que une todos os portugueses quando a política, a religião ou as questões sociais não o conseguem fazer. Foi o futebol que elevou o patriotismo dos portugueses ao seu expoente máximo quando, em 2004, todos nós tínhamos um bandeira nacional no parapeito da janela, no carro ou na secretária. É o futebol que une pessoas de diferentes países quando muitos outros fatores as separam. É o futebol que entretém uma grande maioria das pessoas, seja ao vivo ou na televisão. O futebol é espectáculo e isso ninguém o pode negar.

15 de Janeiro de 2014

Querido diário... (14)

Hoje completo 2/3 deste projeto. (Confesso, veio-me à cabeça a música "7 e 7 são 14; com mais 7, 21"). 
Já estamos no 14º dia do ano, duas semanas completas! Quem diria que tudo passaria tão rápido. Já são 14 em 365. Uma 26ª parte do ano está concluída, quem diria... É o catorze do ano catorze. E o 13 ainda teima em aparecer no final das datas, é teimoso o velhote! 
Hoje houve o Open da Austrália (e uma vaga de calor, também!), vulcões em erupções e trovoada no Rio de Janeiro. As fotos são incríveis...

14 de Janeiro de 2014

Querido diário... (13)

O Ronaldo ganhou a bola! É dele! É nossa! Outra vez! Finalmente!
Ele mereceu por tudo o que fez este ano e nos anteriores. Por tudo o que conquistou, em grupo e individualmente. E que feliz estava o Cris...
Hoje, antes da gala, almocei com ele. Somos íntimos, sabem? Somos amigos de infância, dos tempos em que eu vivia na ilha. Brincávamos muito, jogávamos muito e que divertido era! Mas voltando ao almoço... Ele estava ansioso porque sabia que, desta vez, podia ser "A" vez. E falava, falava, falava... (Ele é assim quando está nervoso!) Falou da época passada, do Real Madrid, do novo ano, do filho, do pai, do Eusébio, e da Bola, claro!
Afinal não foi uma segunda-feira tão má assim...

13 de Janeiro de 2014

Querido diário... (12)

Segunda-feira. O mítico dia. O dia em que todo o mundo está contra nós e nós estamos contra todo o mundo. O dia em que não se diz "bom dia" porque sabemos que não o vai ser. O dia em que a cama tem cola. O dia que se está, simultaneamente, tão perto e tão longe do fim-de-semana. É o dia "não" por excelência. E um não-dia também, por vezes. Amanhã vai ser um desses dias. Um dia-não, um não-dia. E amanhã é dia 13, também. Ora bolas! Realmente não sei como podem dizer que sexta-feira 13 é dia do azar. Uma sexta-feira nunca é um dia de azar. Já a segunda...  Até amanhã.

12 de Janeiro de 2014

Querido diário... (11)

A minha mãe tem um irremediável vício por coleccionar coisas. Só porque sim, porque quer e porque pode. Nos últimos tempos destacam-se os presépios. A sala cá de casa parece um santuário em adoração ao trio de personagens que dominam a época natalícia: Maria, José e o menino. O menino Jesus. Do barro à porcelana, com meras formas geométricas ou com traços realistas, grandes e pequenos, com flores ou com palhinhas... As versões são muitas e parecem nunca terminar. A criatividade das pessoas no que toca aos presépios é, sem dúvida, surpreendente! Imagine-se lá que até temos aqui na sala um presépio dentro de uma cabaça! Ou sob a forma de letras gigantes... Vivo numa pequena galeria de arte, sem dúvida. (Resta saber até quando vão continuar expostos.)

11 de Janeiro de 2014

Querido diário... (10)

Dia 10 de Janeiro. Já se passaram 10 dias desde o início do ano. Dez dias, dez páginas. O que mudou? O que ficou? Mais impostos? Mais chuva? Mais preocupações? O que mudou, afinal? Menos tempo? Menos dinheiro? Menos projetos?
A vida continua, bem ou mal, seguindo linhas rotineiras que raramente, muito raramente, se desviam do trajeto que algum ser superior (seja ele quem for) se lembrou de projetar para nós. O universo continua igual, não descobriram um novo planeta nem a vida em Marte. À grande escala, tudo se mantém. Mas, o que mudou, afinal? Já passaram 10 dias e tudo continua igual.

10 de Janeiro de 2014

Querido diário... (9)

Enquanto toco estas teclas, ouço a chuva a cair lá fora, no jardim. Vejo pedaços dela a escorrer pela minha janela e sinto a humidade nas paredes. E, lá fora, o espectáculo continua... As gotas vão caindo, uma a uma, e a coreografia interrompe-se quando tocam a terra molhada. Sinto-lhes o cheiro, ouço-lhes a melodia. Pela janela do meu quarto, consigo ver uma outra dança: a do vento com as árvores. Estiveram nisto a tarde toda! Do gravissimo ao prestissimo, a melodia vai continuar com as alternâncias no andamento.. O sol já se pôs mas o espectáculo continua...

9 de Janeiro de 2014

Querido diário... (8)

Estou cansado de rótulos e de estereótipos. Não gosto de intolerância e de mentes fechadas. Tenho repulsa pela teimosia ignorante. No fundo, não passam de demonstrações de egoísmo ao mais alto nível. São pessoas que não conseguem ver para além da pequena caixinha que as rodeia. Não conseguem aceitar o mundo e a novidade. Sim, porque não vejo escrito em nenhum decreto que as coisas que X valoriza têm mais importância que as das restantes pessoas; não me lembro de terem decretado a lei que obriga alguém a ser igual aos seus demais. Não me lembro e, sinceramente, espero não ter que me lembrar.

8 de Janeiro de 2014

Querido diário... (7)

E se o céu fosse verde? E se o sol fosse azul? E se a areia fosse cor-de-rosa e o mar castanho? O que seria do mundo? O que seria da praia, dos prados e das cidades? O que seria de todas as obras literárias sobre a cor do céu ou a cor do mar? O que seria de nós? Seríamos diferentes? Pensaríamos diferente? Será que sim? E se tudo fosse a preto e branco? Como seria o nosso dia-a-dia? Conseguíamos fazer as coisas com a facilidade de hoje? Seríamos felizes sem nunca ver o espectáculo de cor que é o por-de-sol? Ou um fogo de artifício? Imaginam a vida como um filme de cinema dos anos 30? Eu não. 

7 de Janeiro de 2014

Querido diário... (6)

Hoje é o Dia de Reis. Embora em Portugal a tradição não seja tão forte como no nosso país vizinho, ainda existem alguns famílias que celebram esta data. Reúnem-se os filhos e os netos, prepara-se a ceia e os doces para a sobremesa e traz-se a boa disposição para juntar à festa! O Bolo de Rei é indispensável, claro está. Mas alguns dos doces de Natal continuam a estar presentes para prolongar o sentimento... Desde as rabanadas aos mexidos, passando pela aletria e o sempre presente pão-de-ló. 
No final do jantar, chega a hora de todos se reunirem e darem voz àqueles que são os cânticos típicos da data: dos Reis às Janeiras, as crianças divertem-se a aprender as músicas e os mais velhos sorriem por verem nelas a tradição futura.

6 de Janeiro de 2014

Querido diário... (5)

Quinta página. 
Este é o quinto dia do ano. A véspera do Dia de Reis. Um dia de chuva e tempestade. O dia em que o Eusébio morreu. O king morreu e as homenagens multiplicaram-se nas televisões, nos jornais, nas redes sociais e nos estádios, um pouco por todo o mundo. Morreu aquele que é considerado um dos maiores futebolistas de sempre e aquele que levou o nome de Portugal além fronteiras há muitos anos atrás. Por entre os elogios e ovações, surgem pequenos suspiros impacientes daqueles que, mesmo respeitando a morte de um grande homem, consideram que todo o mediatismo em volta do acontecimento é puro folclore. Folclore porque vai para além do que poderia ser considerado "aceitável", por causa do tempo de antena nos noticiários ter sido dedicado na sua (quase) totalidade à morte do futebolista, por causa da imediata reação do Presidente da República ou pelos 3 dias de luto decretados. Eusébio tinha grandes qualidades e ninguém nega isso. Nem mesmo Mário Soares. A questão que se impõe e que está a gerar discussão por todo o país é o destaque que esta morte teve quando comparada com outras que, à partida, seriam igualmente destacáveis. Surgem comparações do discurso de Cavaco Silva aquando a morte de José Saramago e medem-se reações.
Há quem considere mesquinhice e desrespeito surgirem discussões deste tipo nestas situações. Mas há também quem considere que esse mesmo respeito se deve exigir em igual nível, não havendo distinções entre jogadores de futebol, escritores, médicos, artistas, políticos ou qualquer outra personalidade. Mas, na verdade, não se pode exigir aos meios de comunicação social que sejam imparciais quando vivemos num país que desde há muitos anos se rege e glorifica os seus três maiores pilares: Fado, Futebol e Fátima. Já o Presidente da República... exija-se tudo. Afinal, é o maior representante da nação.

5 de Janeiro de 2014

Querido diário... (4)

Hoje é a quarta página do livro "2014". Hoje é mais uma no meio de 365. Como é suposto fazer com que esta página valha a pena ser lida? O que é que fiz hoje de diferente que valorize este dia? E vocês, o que fizeram hoje? Que peripécias teve a vossa história nesta página do 1º capítulo? Que palavras e frases preenchem as linhas desta folha de papel numerada com um 4? E amanhã? O que vão fazer amanhã? E depois? O que vão fazer este ano que vos fará merecer um Nobel da Literatura com este livro? 2014 é um livro de doze capítulos e trezentas e sessenta e cinco páginas. Ainda tens 361 páginas em branco, ainda vais a tempo de escrever uma boa história.

4 de Janeiro de 2014

Querido diário... (3)

Não creio que este seja um ano diferente de todos os outros que já passaram. O 2014 não será mais produtivo, mais empolgante nem mais apaixonante. O 2014 é só mais um ano. O décimo quarto desde o início do terceiro milénio. 
Dizem que as doze badaladas do final de ano são o pretexto ideal para pedir os derradeiros desejos, aquilo que queremos para o ano que começa após o soar da última badalada. Pois bem, alguém se recorda do que pediu a 31 de Dezembro de 2012? Quantos de nós têm noção da percentagem de desejos que efetivamente se realizaram durante 2013? As resoluções de ano novo, apesar do nome, não resolvem nada. Estão mortas à partida. São inertes desde o momento em que são pensadas. As pessoas desejam mas não realizam. As pessoas esperam mas não praticam. O destino não trabalha sozinho. O destino somos nós que o criamos. Pois bem, criem-se então, grão a grão, uns grandiosos 365 dias!

3 de Janeiro de 2014

Querido diário... (2)

Continuo a pensar sobre a passagem de ano... Não sobre a noite em si, não sobre os festejos ou o fogo de artifício. Continuo a pensar na passagem propriamente dita, na transição do treze para o catorze. Hoje é o segundo dia do ano, o segundo de 365 dias que vão preencher o ano que começou. Esta é a segunda página de um livro com 365 no total. Trezentas e sessenta e cinco páginas. Quando escreveram num papel as ditas resoluções de ano novo, lembraram-se de pensar em peripécias que mantenham o leitor atento durante as 365 páginas? Não me parece. 


2 de Janeiro de 2014

Querido diário... (1)

Hoje, o primeiro de janeiro, o primeiro dia do ano, é dia de pensar sobre a verdadeira importância que esta viragem no calendário traz para as nossas vidas. Afinal, o que é que um novo ano traz de tão místico para as nossas vidas? Que força sobrenatural é essa que nos leva a crer que somos capazes de mudar(-nos)? Por que é que um quatro vale mais do que um três na lógica motivacional? Por que é que acreditamos ser capazes de fazer algo neste novo ano se não o fizemos no que acabou de terminar? Quantas das "resoluções de ano novo" são efetivamente realizadas ao longo dos 365 dias do ano? E quantos de nós realmente se esforçam para que no final de cada ano se possa colocar um visto em todos os itens dessa lista? Espero ter respostas amanhã.

1 de Janeiro de 2014

Querido diário... (0)

Hoje é o último dia do ano mas é, simultaneamente, o primeiro dia em que escrevo nestas páginas (virtuais). 
Este vai ser um diário de bordo do primeiro mês do ano que se avizinha: o 14, 2014. Aqui estarão depositados desabafos, reflexões, pensamentos e devaneios. Aqui estará, diariamente, uma pequena porção de mim e do meu quotidiano. 
Desde o acordar à hora de deitar, somos confrontados com diversas situações que nos inspiram ou despertam em nós sentimentos e emoções que nos levam a reflectir sobre determinados temas. Desde a ementa do pequeno-almoço à conversa das senhoras na paragem do autocarro, passando pelo aumento do preço dos combustíveis e a nova decoração da sala. 
E como este é o dia em que os desejos imperam, espero que os próximos dias de escrita sejam um reflexo de alguns pensamentos que ocupam a minha cabeça e que vagueiam na minha mente durante o meu dia-a-dia. 

31 de Dezembro de 2013